Dissolução da NATO é essencial<br> para salvaguardar a paz

MOVIMENTO DA PAZ A pouco mais de um mês da cimeira de Bruxelas, o CPPC promoveu uma sessão pública no sábado, dia 1, em Lisboa, de denúncia da natureza e papel da NATO e de exigência da sua dissolução.

A cimeira da NATO em Bruxelas será amplamente contestada

A sessão teve lugar no auditório da CGTP-IN e contou com a participação de diversos dirigentes do CPPC, representantes de movimentos da paz estrangeiros e convidados de outras organizações que diariamente se batem pela paz e a solidariedade entre os povos, como a CGTP-IN, o MPPM e a Associação Conquistas da Revolução. O debate foi moderado por Ilda Figueiredo, presidente da Direcção Nacional do CPPC, que lembrou a realização, em Maio, de mais uma cimeira da NATO e anunciou um vasto conjunto de acções, no país e em muitos outros países, com destaque para a Bélgica, de protesto e exigência de dissolução deste bloco político-militar.

Coube ao representante do movimento belga Intal, Antoine Bageut, abrir o período das intervenções, com um retrato aprofundado da actual realidade política e social do seu país e do seu renovado compromisso com a NATO – que, lembre-se, tem nesse país a sua sede. O actual governo, conservador e nacionalista, ao mesmo tempo que tem vindo a cortar nas despesas sociais, alarga consideravelmente os gastos com armamento, de que é exemplo a intenção de adquirir 34 novos aviões de caça, drones e outros equipamentos. O chamado «plano estratégico» do governo não é mais do que uma «lista de compras da NATO», garantiu o activista belga.

Antoine Bageut anunciou ainda a realização, aquando da cimeira da NATO, de uma manifestação convocada por diversas organizações e movimentos contra a presença de Donald Trump no seu país. Reconhecendo que o mote da iniciativa pode não ser o ideal, o representante do Intal realçou o seu potencial mobilizador, garantindo que o seu movimento estará nas ruas a exigir o fim das guerras e da NATO.

Berenice Galli, da plataforma «Não à Guerra! Não à NATO», de Itália, informou das movimentações em curso para exigir a saída do seu país da organização militarista. Esta campanha, valorizou Galli, já envolve muitos municípios e a própria região da Toscana defende essa opção, no que constitui uma importante «pressão sobre o governo». A activista lembrou ainda que a Constituição italiana, no seu artigo 11.º, consagra o repúdio do país pela guerra.

Marco Pondrelli, do Fórum contra a guerra, também de Itália, guardou quase para o fim a sua curta intervenção, na qual denunciou os oito milhões de euros diários que a Itália gasta com a NATO e reafirmou a convicção de que o principal inimigo da paz e dos povos é o imperialismo norte-americano e a NATO – e não, como muitos dizem (até forças de «esquerda»), a Rússia ou a China.

Perigos crescentes

Frederico Carvalho, que além de membro da presidência do CPPC é presidente da Organização dos Trabalhadores Científicos e vice-presidente da Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos, partilhou a visão desta estrutura internacional acerca dos caminhos para salvaguardar a paz e os obstáculos existentes a este objectivo. O cientista português realçou que, fora de qualquer dúvida razoável, a expansão da NATO para Leste «viola compromissos assumidos durante as negociações sobre a reunificação alemã». A decisão da Casa Branca de investir mais de um bilião de dólares no chamado Programa de Revitalização Atómica, com o objectivo de «desenvolver e ensaiar bombas atómicas mais inteligentes, de maior precisão, menores e de mais difícil detecção», é motivo de preocupação, ao reduzir perigosamente o chamado «limiar nuclear», ou seja, as circunstâncias em que alguns considerariam «aceitável» empregar armas nucleares.

Maurício Miguel, que durante anos trabalhou no Parlamento Europeu, realçou que a União Europeia é o pilar europeu da NATO, patente desde logo no facto de ter assumido o conceito estratégico da chamada «aliança atlântica». O também membro do CPPC lembrou as 15 acções militares em que a UE se encontra envolvida e os 42 projectos comuns com a NATO, questionando qual será o seu papel na estratégia de confronto com a Rússia. Independentemente de diferenças e tensões existentes entre membros da NATO, Maurício Miguel garantiu que ela «não cairá por si» e que a luta pela sua dissolução tem de continuar e de se reforçar.

O dirigente do CPPC Gustavo Carneiro traçou um panorama da luta do povo português contra a NATO, que lembrou ser «tão antiga quanto a própria NATO»: as iniciativas de protesto dos anos 50 e 70 e a campanha “Paz Sim! NATO Não!”, de 2010, foram algumas das acções recordadas. O papel da NATO na sustentação da ditadura e as pressões e ingerências realizadas durante o período revolucionário não foram esquecidos.

João Barreiros, em representação da CGTP-IN, reafirmou os princípios da central sindical no que respeita à defesa da paz, do desarmamento e da solidariedade aos povos que combatem o imperialismo.

 

Intensa actividade

Para além da sessão do dia 1, o CPPC está a levar a cabo um vasto conjunto de iniciativas tendentes a afirmar, pelo País, os valores da paz, da cooperação e da solidariedade entre os povos. Foi o que fez, no dia 31, com o Concerto pela Paz, em Vila Nova de Gaia, que juntou mais de 350 pessoas no Centro Paroquial de Mafamude e que contou com o apoio da Câmara Municipal e da Federação das Colectividades do concelho.

O concerto, apresentado por Olga Dias, abriu com um trio instrumental da Escola de Música de Perosinho, a que se seguiram a dança das crianças do Ginasiano Escola de Dança, a orquestra de guitarras do Conservatório de Música de Gaia, a poesia da Ilha Mágica e o grupo de flautas transversais da Academia de Música de Vilar do Paraíso. O encerramento foi assegurado pelo Ensemble Vocal Lígia Castro, juntando em palco mais de 70 coralistas, que terminaram a actuação – e o concerto – com «Acordai», uma das Heróicas de Fernando Lopes-Graça. Ilda Figueiredo interveio, agradecendo os diversos apoios e anunciando as diversas actividades previstas para a região no âmbito da defesa da paz e da segurança.

Hoje, 6, pelas 14 horas, tem lugar a acção «Desporto pela Paz», com um programa que inclui jogos, uma caminhada pela paz e um concerto da Orquestra Geração D'Ouro, que assinala o Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz, declarado pela ONU. Organizada pelo Movimento Municípios pela Paz, em colaboração com o CPPC e a Câmara Municipal, na iniciativa participam escolas, colectividades e vários municípios.

 



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